Tchau Spin

No fundo eu sabia que ia ser difícil acordar hoje e não receber uma notícia ruim, pois passei a noite toda chorando e pedindo para que Deus fizesse o melhor para o Spin. E claro, Deus me ouviu, ouviu toda minha súplica para que tirasse a vida de meu amado cachorro no momento em que ele estivesse sofrendo, pois a última coisa que eu queria era ter que mandar sacrificá-lo como muitos já haviam falado para fazer. Mas eu não deixei que isso acontecesse, Deus tira a vida das pessoas como tira a dos animais também, tira e leva para um lugar bem melhor do que estão vivendo. Assim foi, tudo naturalmente.

17 anos e meio para um cachorro como o Spin é muito tempo, é hora extra na terra. O Spin é um cachorro que me viu crescer, que já sobreviveu a tantas coisas. O Spin não era um cachorro qualquer, era O Cachorro. É clichê, eu sei, mas para todos os donos de animais que amam mesmo seus bichanos, eles não são animais comuns, são todos especiais.

O Spin veio com pedigree e tudo o mais, foi uma forma de minha tia satisfazer a vontade minha e do meu irmão de ter um cachorro. O Spin era lindo, cocker bem puro, focinho fofo, peludinho, o Spin sempre foi lindo, até mesmo magro, velho, com os pelos brancos.

Ele gostava de pular no sofá e na rede, minha vó odiava, ele gostava de abrir o portão com a boca e entrar em casa, minha vó odiava, ele gostava de pular naquelas bolas gigantes igual a do Kiko do Chaves, ele gostava de dançar O Vira dos Mamonas Assassinas com a gente, ele gostava de morder também, ele gostava de fugir, fugia tanto e uma vez ele não voltou, se perdeu e ficou mais de um mês longe de casa, mas Deus colocou-o novamente em nossa vida e de uma maneira especial, um pressentimento meu que deu certo, o Spin não se importava com a companhia de outros cachorros, o Pongo odiava, o Scot amava, ele era da paz tanto que uma vez, quando ele tinha lá seus 13 anos, um cachorro da rua o pegou pelo pescoço, e ele nem sabia se defender, quis morder a mim que estava tentando salvá-lo, Deus mais uma vez o salvou, ficou com apenas um ferimento que malemá sangrou, o Spin era engraçado em tudo, ele era esperto também, sabia a hora em que iamos tomar café e corria pra janela da cozinha pedir pão, e foi assim até seus últimos dias de vida que mesmo sem andar ele se arrastava até próximo do local onde costumavamos lhe dar comida, o Spin gostava de pular na piscina de 1.000 litros e nadar junto com a gente, acho que ele morria de calor com aqueles longos pelos dourados, ele gostava de comer bem tipo ração importada mas não porque ele queria e sim por necessidade, na verdade ele gostava mesmo era de fuçar comida do lixo, o Spin não teve direito nem de reconhecer a paternidade de seus lindos filhos, o Spin era assim todo cheio de manias, esperto, engraçado, desengonçado que adorava laranja.

O Spin se foi para o reino dos cães felizes e saltitantes, está sendo difícil engolir o choro toda hora, ver a tristeza do Scot, não ter mais nenhum véinho preu chamar de véinho e dar comida na boca, mas uma resposta há de vir, eu sei que foi o melhor para você meu amado companheiro, mas é difícil sentir saudades, espero que você compreenda meus choros e chamados pela tua presença. Conforte a nós e ao Scot, seu fiel companheiro.

Você foi digno, sobreviveu além das expectativas, foi o melhor cão do mundo e assim cumpriu seu dever na Terra.

Há pessoas que dizem aquilo que nosso coração está dizendo através de textos que viram músicas, filmes ou livros, como é o caso dos trechos abaixo retirados de Marley & Eu:

"Um cão não se importa se você é rico ou pobre, educado ou analfabeto, inteligente ou burro. Se você lhe der seu coração, ele lhe dará o dele. É realmente muito simples, mas, mesmo assim, nós humanos, tão sábios e sofisticados, sempre tivemos problemas para descobrir o que realmente importa ou não."

 
"Você sempre esteve ao meu lado quando precisei de você. Na vida e na morte, sempre vou amar você."

Tchau Spin, sentiremos saudades...