Guardei aquela mini champanhe ganha na festa de fim de ano da empresa com a esperança de abri-la no dia primeiro do ano seguinte, não só porque estava se iniciando um novo ano, mas porque eu teria mais uma conquista em minha vida. Conquista importante, que demonstraria minha capacidade profissional, o quanto ter estudado valeu a pena e que estava indo no caminho certo.
Hoje, mais de quatro meses depois de um novo ano ter se iniciado, a champanhe continua guardada. Já nem sei se quero abri-la um dia pelo motivo o qual a guardei.
Havia uma esperança ali naquele fim de ano junto com uma ansiedade e desespero por não ter uma resposta concreta. Apesar de não ter saído como bem planejava no fim de ano, alguma coisa ainda me motivava pra seguir em busca de uma resposta positiva pro meu mal momento.
Me deram trinta dias, mas no fim das contas ganhei noventa. A cada trinta dias que se passavam minha esperança ia diminuindo, apesar de dizerem que estava tudo bem encaminhado, não tive uma resposta definitiva e concreta. Eram sempre mais trinta dias.
Passou os noventa dias e ao invés de ganhar uma efetivação, ganhei mais trinta dias, que novamente valerão por noventa dias. Foi um baque, porque agora ninguém dizia se continuava encaminhado ou se já tinha acabado, não me diziam nada, apenas trinta dias.
Em um dos trinta dias, pensei que não fosse aguentar mais. Estava prestes a jogar o resto de esperança que ainda me restava, parar tudo, pensar na vida. Ficar trinta dias pensando na minha vida e nas escolhas que eu fiz que resultaram naquela situação. Arejar a cabeça pra mudança. E aí conseguiram alimentar minha esperança. Cada dia daqueles trinta dias que se passou eu esperava ansiosamente por uma chamada ao telefone pedindo um minuto pra uma conversa séria.
Chegou dia trinta e apesar de dizerem trinta dias eu tinha mais sessenta dias, já sabia disso, mas resolvi tentar a sorte, quem sabe acaba ali de uma vez por todas essa minha espera e angústia.
Me deram mais trinta dias. Sem antes, é claro, alimentarem minha esperança, ou melhor, tentarem alimentar porque já estava desiludida, já estava ao ponto de dizer as coisas sem dar a menor importância pras consequencias, desabafar todo sufoco que tenho passado.
Hoje estou aqui no quinto dia dos trinta, com uma eterna dúvida na minha cabeça sobre qual rumo devo tomar agora.
Confesso que tive vontade de recusar esses trinta dias, confesso que procurei emprego mas tive uma dificuldade enorme em me imaginar em outro lugar e nada me pareceu interessante, e outra dificuldade, a de atualizar meu currículo. Parece que não nem mais o que faço, de tanto que me jogam tarefas que não eram pra ser minhas.
Aí, em uma sexta-feira, terceiro dias dos meus 30, uma pessoa me dá uma ideia de emprego, não era ainda uma proposta concreta afinal veio de terceiros, pra um lugar que imagino ser legal, com pessoas que já conheço e que me dariam um apoio, uma agência de publicidade relevante na cidade e então talvez fosse tudo o que eu queria. Uma mudança, depois de tantas conturbações e tanta desesperança com relação ao meu atual emprego.
Mas a real é que chorei, choro, estou chorando todos os dias quando penso na minha situação. Não tenho coragem de sair do emprego onde estou, porque apesar de tudo, eu gosto de estar lá, ainda sinto frio na barriga ao abrir a porta da minha sala, acordo bem disposta a ir trabalhar, gosto muito da maioria das pessoas, gosto dos contatos que tenho, gosto de aprender com os novos problemas que surgem a cada dia, mas não tenho nada contínuo lá e isso eu sinceramente não sei se me ajuda ou atrapalha na busca por outro emprego. Não estou sabendo administrar psicologicamente os prós e contras em continuar e em sair de lá. Todos os dias me bate uma revolta por só eu estar nessa situação lá na empresa, por parecer que estão pouco ligando pra mim, por ter um chefe onde não consigo acreditar nas suas promessas pois em um dia me diz que quer me manter lá e noutro dia insinua que não há necessidade de me manter lá devido a minha falta de competência para atender seus caprichos, por ser tudo tão demorado e principalmente por imaginar que essa angústia diária pode ser apenas parte de um sofrimento futuro. E ainda assim, tudo isso não me motiva a ir atrás de mudança.
Tudo isso só alimenta minha cabeça de coisas ruins, como pensar que devo ter feito escolhas erradas, que devo te mudado muito graças a influências de outras pessoas negativas, enfim, só me diminui, me leva a inferioridade. Quando vou procurar emprego, pedem mil e uma qualificações e não tenho nem metade delas, sou recém-formada, sem emprego fixo nenhum na vida, e sem vontade de ouvir falsas esperanças novamente. Essa é a pior das consequências que minha atual situação me trouxe, estar com medo de passar por uma angústia enorme novamente.
Engraçado que na noite em que pedi a Deus para me ajudar a escolher se eu devia seguir mais trinta dias ou não, tive um sonho, onde conversava com outro chefe, desabafava até coisas que eram exagero da minha parte, dizia toda minha revolta, e no final esse chefe concluiu: "mas você não quer sair daqui não é?"
É, estou muito presa ainda. Não sei se por trinta dias ou se por menos. Qualquer pessoa pode me dizer preu ir atrás de coisa nova porque sou nova e tralalalá, mas como posso me doar por inteira em um novo rumo quando não tenho esperança de que outro rumo agora vai dar certo?
As coisas ultimamente não tem tomado o rumo que eu esperava, não sei se sou eu, não sei se vão fazer sentido lá na frente, mas é difícil, doloroso e torturante.
Não sei se quero parar de andar ou se quero continuar caminhando pra encontrar outro caminho.
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Micontchi alguma coisa também ;)