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segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Cena Urbana 3

Dessa vez eu fui uma personagem da cena.
Estava sentada no ônibus, voltando do centro da cidade para minha casa. Confesso que não estava bem naquele momento, a cabeça doía, estava irritada por não ter encontrado o que eu queria, além do fato de odiar o centro daqui. Enfim, o centro daqui me irrita só de pensar em ter que ir pra lá.
Voltando, estava eu irritada e sentada no ônibus quando um senhor, daqueles que parecem um vôzinho de filme, bem vestido, expressão tranquila, caminha se aproximando de mim. Então pergunto se ele quer se sentar. Ele responde calmamente que não pois já ia descer. Ele dá uns dois passos em direção à porta, mas logo volta até mim, toca em minha mão e com um sorriso no rosto e a mesma calma, diz:
-Você tem um coração de ouro viu? Continua assim!
Sorriu novamente e se foi.

Sabe, depois disso fiquei pensando que não merecia um elogio tão singelo e gratificante. Eu estava ali, mal humorada, ofereci o lugar porque uma vez não dei lugar a um senhor e ele quase caiu, aí a consciência pesou e aprendi a lição.
Aquele senhor me elogiou quando na verdade era minha obrigação ou de qualquer outra pessoa mais bem disposta que ele oferecer um acento. 
Apesar de não ser tão digna daquele elogio, fiquei feliz ao ponto de me emocionar.
O mundo tá bem assim mesmo, gestos obrigatórios de gentileza viram heroísmo, e elogios vindos de pessoas que nem conhecemos nos faz chorar. Carência de elogio e de gentileza.

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