Certamente todo mundo já se decepcionou com alguém. Se isso ainda não aconteceu, irá acontecer, faz parte do ciclo da vida. Eu achava que já tinha me decepcionado com muita gente, mas hoje eu sei o que é realmente uma decepção e o quanto ela dói.
Sabe, a vida toda eu procurei ser uma pessoa solicita, que quer o bem de todos, que ajuda sem esperar nada em troca, nem um elogio ou obrigada. A vida toda eu apanhei por causa desse meu jeito coração mole de ser.
Lembro até hoje, na escola primária, eu sempre ajudava as amiguinhas, emprestava minhas coisas, dava lanchinho e em troca recebia o desprezo delas sem ter feito nada. Então eu ia lá com os meninos, mas não demorava muito e outra "coleguinha" se aproximava de mim. E assim foi, sempre passando cola, fazendo trabalho sozinha, etc. No colegial continuei assim, mas posso dizer que valeu a pena pois lá recebi gratidão como recompensa.
Enfim, já apanhei com amizades, já tive prejuízo financeiro e emocional e nem por isso eu achei que tinha que mudar meu jeito. Não posso querer ser alguém que não combina comigo, por mais que várias vezes eu olhe pra mim mesma e me ache uma idiota, em seguida eu lembro da história dos meus avós paternos e penso que não posso tirar de mim essa herança tão boa que eles me deram.
Mas ainda assim, nesses 23 anos de coração mole, eu nunca havia me decepcionado tanto como essa semana.
Por muitas vezes passou na minha cabeça largar meu emprego de repente e mandar todo mundo se foder, porque até agora ninguém tava nem aí pra mim ou pro quanto eu contribuí pra empresa. Mas não combina comigo fazer isso, não posso prejudicar as pessoas que eu gosto. O meu travesseiro não veria uma noite de sono bem dormida se eu fizesse isso.
Então eu fiz tudo certo dessa vez, como fiz a vida toda, avisei com antecedência, fiquei mais do que queria, pra no final das contas não levarem em consideração nada, mas nada mesmo, de bom que eu fiz pela empresa. Não consideraram a vez que eu cobri férias da secretária (o que nunca foi minha função) e não pedi um real a mais por isso, das vezes que cobri férias de mais pessoas e que nunca cobrei nada por isso, da vez em que assumi mais um função sem ninguém me pedir e demorei mais de um ano pra pedir um aumento por isso, das inúmeras coisas que fiz e que não eram minha função, mas fiz pra ajudar e sem esperar nada em troca. Fora que podem contar nos dedos as cagadas que fiz por lá e que nem foram tão catastróficas assim. Além do mais, podem perguntar a qualquer um que eu ajudei e atendi se eu fui eficiente no que fiz que tenho certeza que a resposta será sim.
Ainda assim, teem a coragem de fazer uma cachorrada comigo e com meu suado dinheirinho.
De verdade? Eu nunca senti uma tristeza tão grande quanto essa decepção. Me decepcionei com a empresa (mais ainda) e com uma pessoa.
Ainda assim, a trouxa aqui continua lá ajudando os colegas de trabalho. Juro que depois disso tudo, eu ainda faço o que faço com todo o amor à profissão e em respeito a tantas pessoas que eu gosto.
Sabe, o dinheiro vai me fazer falta sim, não estamos vivendo um momento favorável aqui em casa, mas já passei por situação pior e nunca me faltou uma comida na mesa porque tenho uma família maravilhosa (aquela herança dos avós). O que mais me magoa nisso tudo é a atitude, ou a falta dela. Alguém que poderia me ajudar, querer me ajudar, dar a mão pra mim e dizer: calma, vamos tentar resolver isso! E no lugar disso, a pessoa olha pra mim e diz: é a lei.
A lei do interesse sempre prevalece. Enquanto você é útil, "eu tô te ajudando". Quando já não é mais: "não posso fazer nada".
Mas mesmo assim, eu sinto vontade de pedir desculpas pra essa pessoa e ficar de bem com ela novamente, sabe por que? Porque ela não tem culpa de não corresponder às minhas expectativas. Os meus sentimentos só pertencem à mim, assim como meus erros. E eu admito, errei, não deveria ter sido tão coração e acreditado em tudo.
Ainda continuo sem entender onde que eu errei, sendo que procurei e procuro fazer tudo tão certo a vida toda e em troca recebo uma injustiça desse tamanho?
Peço forças à Deus a todo momento pra que eu supere tudo isso, afinal, quem planta o bem, colhe o bem e eu já tô colhendo muita coisa boa, e por isso mesmo nem deveria ligar pra essa situação. A justiça divina é o que me motiva a seguir em frente com o mesmo jeito da menina do primário que emprestava as coisas, só que buscando empedrar um pouco esse coração mole, pra sofrer menos.
A todos que tem um coração mole, que cede a quase tudo, como eu: continue assim, você vai sofrer e muito, mas vai aprender mais do que ninguém e vai ter a certeza que sempre foi muito superior a todos que te passaram pra trás. A vida flui pra quem almeja e faz o bem.
P.S.: Não quero nem descobrir o que é uma decepção amorosa depois dessa péssima experiência. Espero que isso nunca me ocorra.
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Micontchi alguma coisa também ;)