Olimpíadas pra acordar

Amo Olimpíadas e Copa do Mundo, parece que fazem a gente esquecer um pouco das coisas ruins que acontecem no mundo. Paro pra assistir e me empolgo. Esse ano mais do que nunca eu tava ligadona, afinal trabalho numa emissora afiliada da que transmitiu as Olimpíadas de Londres e na minha sala ficam tvs ligadas, ou seja, eu estava "trabalhando" assistindo a tv e ninguém poderia reclamar rsrs.

Achei linda a abertura e o encerramento cheio de música boa. Londres é uma cidade linda e não teria como sair alguma coisa sem graça e glamour. Acho legal essa coisa de monarquia, parece que existe um conto de fadas num país logo ali. Parece ok, não sei nem prós nem contras de monarquia tô só dizendo que visualmente isso é legal.

Vamos ao que realmente me levou a escrever sobre o assunto: o Brasil e os brasileiros. Saiu na mídia que o Brasil teve um bom lugar, que nunca antes tinha conseguido tantas medalhas, isso é bom. Isso seria bom, se as pessoas realmente se importassem com quantidade total e não com quantidade de medalhas de ouro. A verdade é que é visível o destaque bem superior de países onde a valorização ao esporte é intensa e contínua como é o caso dos EUA, China e por aí vai. O Brasil ganhou medalhas de ouro que ninguém apostava, ganhou prata que ninguém apostava e ganhou bronze que ninguém apostava. Quando digo ninguém, logo penso em nós, reles torcedores. Eu esperava ouro no vôlei masculino de quadra e de praia, esperava ouro na natação com Cielo e Thiago, o resto eu nem apostava antes da classificação.

Sinceramente, não vou culpar os atletas pelos ouros e outras medalhas perdidas, não sei o que é ser atleta nesse país, o que sei é que há muita falta de incentivo e uma elite que só quer saber de futebol. Contrário a alguns comentários que vi por esse mundo virtual, não acho que existam atletas elitistas (no caso mencionaram o Cielo por ter condições de ter um suporte melhor em treinamento), acho que existe um esporte elitista denominado futebol. Já passou da hora das pessoas pararem de considera o Brasil como o país do futebol. É lamentável mas nosso futebol vai mal, quando times brasileiros jogam contra times europeus fica nítido. Tá na hora de nós, brasileiros, acreditarmos mais em outros esportes onde temos atletas de ouro que não ganham milhões mas mesmo assim vão com garra pra vencer. Tá na hora de pararem de gastar (não investir) em atletas do futebol, chega! Não é justo uns lutarem atrás de patrocinador quando um só jogador ganha o suficiente pra bancar uns 3 ou mais atletas.

Chega também de inventar desculpas pra derrotas, como alguns atletas e técnicos fazem, se perdeu foi porque teve alguém melhor que você em algum momento. Aceite a derrota, só não engula, guarde pra próxima e pronto. Se você é melhor que quem te derrotou, simplesmente prove. É assim no dia a dia da vida.

Brasileiro tem sangue quente, gosta de ser duvidado, gosta de ver o jogo chegar no último minuto pra ir lá e virar. Isso é positivo, tá na hora de olhar pra essa puta qualidade que temos e dar o máximo antes do último minuto. Isso é negativo, acaba com o psicológico, brasileiro acha que porque tá no 45' já tá perdido, não consegue ir até o último segundo. Aconteceu com a seleção de vôlei de quadra masculino, dois sets de glória, começou a perder no terceiro e já era notável a cara de derrota dos atletas, não teve psicológico pra aguentar um set perdido e perdeu mais dois, perdeu o ouro. Logo o vôlei que é sangue quente, virou partidas incríveis, mas dessa vez o psicológico não deixou.

Não temos sempre que ganhar o ouro, temos apenas que mostrar que somos capazes, ganhar espaço saca? Olha o boxe brasileiro, ganhou espaço novamente nas Olimpíadas. Infelizmente estamos num país onde precisamos disso, de ganhar espaço, para alguém olhar pra gente. Precisamos o tempo todo provar que somos capazes de disputar em modalidades pouco creditadas como o pentatlo.

Enfim não importa o tanto de medalhas que ganhamos, Uganda ganhou uma só, um ouro e isso já motivo de vitória pra um país tão "insignificante", já tá ali marcando presença, tentando fazer com que alguém olhe pra eles com bons olhos e não mais com olhos de maldade.

Eu sou vítima, ou não, dessa falta de incentivo ao esporte. Tanto na escola pública quanto na particular, nunca me forçaram a fazer educação física, apenas tínhamos que fazer pra não ganhar falta e média abaixo, era essa nossa mente. O forçar eu quero dizer fazer com que tenhamos gosto por esporte, dança, ginástica, alguma atividade física, porque isso é bom pro corpo e pra mente, é algo gostoso. Não vou generalizar, esse é o meu ponto de vista, e garanto que a maioria fazia educação física com o meu pensamento.

Tá na hora desse país dar chance aos novos, chega de monopólio, falta de crença. Renova Brasil, ainda temos que provar pra todo o mundo, mundo mesmo, que somos capazes de fazer um Copa e uma Olimpíadas tão linda e inesquecível quanto as outras. Antes disso, tínhamos que provar que somos capazes de ter uma distribuição de renda mais justa, um país mais justo e menos sujo. Agora já é tarde, pulamos essa parte, só nos resta ver o resultado de pular uma etapa num processo onde isso não poderia ter ocorrido. É pagar pra ver o que vai acontecer. Independente, sentirei orgulho do meu país como boa alienada que sou.

Brasil, aprenda com a pontualidade britânica e vê se nas próximas ACORDA na hora certa.