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sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Deu errado ou deu certo?


Passei a maior parte desse ano brigando com meu travesseiro. Todas as noites ele não me deixava dormir, me fazia sempre lembrar das minhas preocupações, frustrações, tristezas, e me trazia a saudade que, como dizia Bob Marley: "é um sentimento que quando não cabe no peito escorre pelos olhos". Junto disso tudo vinha sempre uma pergunta no final: "o que foi que deu errado?".
Daí vinha sempre na minha mente uma frase que criei pra minha mensagem de nova etapa profissional: "não existe dar errado, as coisas sempre dão certo de alguma maneira".
Por inúmeras vezes quetionei essa minha teoria quando meu travesseiro não me deixava dormir. Tentava imaginar o que foi que deu certo preu poder acreditar em mim mesma.
Hoje, ainda não totalmente recuperada mas um pouco mais tranquila e dando uma trégua pro meu travesseiro, entendo que as coisas acontecem com um propósito e que sim, elas vão dar certo.
Nesse meu tempo de bad trip total, conversei com amigas, família, pais, enfim, conversei com um monte de gente que sempre tinha uma história de "não deu certo ontem mas deu certo hoje". Nem todos tiveram o mesmo trauma ou passaram pelas mesmas situações que eu, mas sempre serviram de incentivo pra que eu acreditasse no hoje e no amanhã também.
Sabe, quando resolvi mudar de emprego, eu sabia que ia sofrer pelo laço afetivo que tinha construído, mas muita gente torceu por mim. Muita gente e até mesmo eu, sabia que o lugar pra onde eu estava indo não era o mais amável de todos, no entanto, ninguém fez oposição quanto à minha ida. As vezes me dava raiva e pensava: "por que fulano não me falou que eu não ia gostar de lá?". Mais calma, me respondia: "porque fulano não tem o direito de tomar as decisões por mim". Então, hoje, vejo que na época em que tive que tomar essa decisão, a tomei por um misto de sentimentos: raiva e mágoa por não ter reconhecimento financeiro e profissional, chateação com atitudes repetitivas de algumas pessoas, cansaço de sempre ter que aguentar o inconformismo com meu "não", frustração por não me darem esperança nenhuma de crescimento, ânimo pra um novo desafio, sonhos crescentes, desespero pra querer ajudar mais minha família e medo da minha vida profissional virar um comodismo igual virou a vida profissional do meu pai por um tempo e, medo de ter que deixar sonhos pra trás.
Até hoje ninguém realmente sabe que foram todos esses motivos ou sentimentos, acham apenas que saí porque tinha que voar longe. Talvez por isso não entendam a complexidade do problema emocional que me causou quando minhas expectativas foram frustradas. Não imaginam que eu não queria apenas "voar", eu queria ser feliz em um novo emprego e não consegui. Seria complexo demais as pessoas entenderem meus motivos quando me olham e dizem: "mas você é nova ainda, não tem família pra sustentar". As pessoas não fazem ideia que quando se é jovem ainda, uma frustração pode inibir seus sonhos e te tornar a pessoa mais incompetente/errada do mundo, porque você realmente acredita que é.
Depois, bom, depois você se recupera e se dá conta que tudo foi um momento e se conforma de que vai passar por isso algumas outras vezes. Quando se está mais velho e calejado, ver um jovem sofrer "por tão pouco" parece uma desimportância. Mas a verdade é que sempre alguém vai te dizer acompanhado daquela frase do "jovem ainda": "se na época X não tivessem me mandado embora" ou "se meu chefe tivesse me dado a oportunidade de crescer". Ou seja, sempre vão ter uma frustração que tá lá guardada porque também o magoou naquele momento.
Todo mundo acha que alguma coisa não deu certo na vida. Só que não se dá conta de que não adianta procurar o que foi o errado, porque ele não existiu. O "errado" foi uma oportunidade pro certo. Então sempre as coisas vão dar certo de alguma forma em algum momento, seja presente ou futuro.
Posso concluir que a paz com o travesseiro não existe em definitivo. É tudo uma questão de viver um dia de cada vez, e então poder dizer: "dessa vez eu acertei!".

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