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domingo, 7 de junho de 2015

No divã

Desde o ano passado, minha carreira profissional estava me gerando muitas dúvidas e conflitos internos, o que refletia no meu lado pessoal causando insegurança, irritabilidade e desânimo. Então estava decidida que quando o ano virasse eu iria tomar uma decisão e ser feliz com ela.
Por mais que ainda tivesse esperanças das coisas ocorrerem da forma mais fácil possível, sabia que ia ser difícil. O problema é que eu estava bem desequilibrada e imatura emocionalmente falando. Então as coisas foram beeeeeem difíceis, desde a saída de um emprego até a entrada e a adaptação em outro. Parece que piorei todos aqueles sentimentos ruins que estavam já bem sensíveis. Pra ajudar o meu psicológico, o antigo emprego me chama de volta como se tudo já estivesse certo e então preciso novamente tomar uma decisão que agora tinha se tornado mais difícil ainda devido a tudo o que vivi anteriormente.
Tinha que pensar no lado profissional, no "fazer o que ama", no lado financeiro, em todas as mágoas que eu carregava do antigo emprego e das novas mágoas que tinha adquirido com o novo.
Pra mim, foi tudo demais pra um curto espaço de tempo.
Então, vejo que não consigo fazer as coisas sozinhas. Peço ajuda pra família, pros amigos e mais dúvidas se formam. Eu já sabia a resposta do meu coração, o problema é que eu não poderia ser tão emocional assim em um momento importante como este. Prometi a mim mesma amadurecer emocionalmente e tomar a decisão 100% coração, não iria ser a decisão mais sábia. Por outro lado, a decisão tomada anteriormente, a de mudar de emprego, foi 100% racional e descobri que não foi uma decisão sábia.
Entrei em muitos conflitos e decidi que precisava de uma ajuda profissional. A princípio pensei em procurar um coach, afinal eles direcionam a carreira profissional não é? Mas daí desisti sem nem ter tentado, achei que ia ficar caro demais e eu não iria ter um resultado breve, o que era imprescindível. Então fui atrás de uma psicóloga.
Nunca fui em psicólogo, mas já senti que precisava fazer uma terapia antes desse acontecimento. Confesso que a timidez, e o fato de ter que contar minha vida pra um desconhecido me deixavam sem paciência pra isso. Talvez na verdade eu quisesse um psiquiatra imaginando que ele daria um remédio que me faria sentir apenas coisas boas.
Mas enfim, estava eu lá de cara com uma estranha, num sofá mesmo, sem divã, que procurou me deixar confortável na medida do possível. Eu não estava confortável. Me senti como quando tive que apresentar um trabalho na faculdade pra um auditório com todos os meus outros colegas de sala. A voz trêmula, um tremor de frio, boca seca, suador e o olhar tentando fugir de tudo. Eu sabia exatamente o que tinha pra falar, mas naquele momento, eu não sabia mais nada. Eu não queria falar.
Respirei fundo e com voz trêmula mesmo, falei. Contei apenas a parte da decisão que eu tinha que tomar, não entrei em detalhes de pessoas que eu tinha convivido e o caráter delas. Quis facilitar pra psicóloga, ou não.
Acho que deixei claro pra ela o que meu coração tinha escolhido e que a minha razão não iria ser capaz de barrá-lo. Ela não disse qual decisão era a melhor pra mim, obviamente. Seria muita prepotência da parte dela escolher o melhor pra outra pessoa.
Ela tentou me orientar como pôde, dizendo coisas que algumas pessoas já tinham me dito e me dizendo que nós sempre temos que olhar para o presente, afinal ele é um presente lindo que a gente recebe todos os dias mas fazemos questão de não abrir, queremos sempre o presente do ontem ou o do amanhã. E que nossas escolhas são baseadas em momentos, temos sempre que olhar para aquilo que temos no momento e acreditar que a escolha feita era a melhor para aquele momento pois naquele momento você não tinha uma outra opção.
No final, foi bom. Me senti aliviada por perceber que eu não estava tão perturbada assim. Ficou claro pra mim mesma que naquele momento, o meu coração iria tomar uma decisão e que minha vida ia ser conduzida pelo o que eu tinha e não pelo o que deixei de ter.
A sensação de estar frente a frente com uma psicóloga não foi a das melhores e mais satisfatórias que tive, principalmente naquela parte em que você abre a carteira e deixa ali o preço por "ouvir". Na verdade, me senti comprando um "ouvido amigo", o que não foi nada agradável. Me senti como se pudesse comprar tudo, até minhas decisões, mas eu sabia que não podia.
No dia seguinte, peguei o telefone e tomei a decisão.
Infelizmente, tive um desgaste emocional em vão, pois a minha decisão não foi correspondida como eu queria. A expectativa pode ser o melhor ou o pior sentimento de todos.
Dizem que de tudo a gente tira uma lição não é? Com toda essa situação, eu pude me conhecer um pouco melhor e talvez tenha amadurecido um pouco o meu lado emocional.

2 comentários:

  1. Oi Larissa! Acabei de conhecer seu blog e estou aqui passeando pelos posts. Adorei seu blog, muito bacana!
    Sobre sua visita ao psicólogo, sei bem como é, o começo é constrangedor e desconfortável. Já passei por isso, mas no meu caso, valeu bastante a pena. Mudei minha perspectiva em relação a muitas coisas e me tornei uma pessoa bem mais descomplicada! Só quer realmente leva tempo, é um processo de autoconhecimento mesmo.
    Espero que você consiga resolver as questões que estão te incomodando da melhor forma possível!
    bjs,
    Manu
    manuetudomais.blogspot.com.br

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  2. Obrigada Manu!
    Realmente, acho que psicólogo descomplica nossa vida, quando percebemos que não podemos mais nos ajudar. Quem sabe ainda consigo vencer essa barreira e ir pra terapia! :)
    Bjo

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Micontchi alguma coisa também ;)